A megaoperação do governo federal para a retirada dos garimpeiros da região na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, começou nesta semana.
A gestão petista avalia que existam ao menos 15 mil pessoas no local, mas o número pode chegar a 40 mil.
Diante da grave situação, por questões de segurança o Centro de Operação de Emergências em Saúde Pública (COE – Yanomami) interrompeu o resgate de animais no local.
Além de casos graves de desnutrição, malária e quadros de verminoses, os indígenas yanomami, que passam hoje por uma crise humanitária de grandes proporções, sofrem com a disseminação da tungíase, infecção popularmente conhecida como “bicho de pé”, que se torna um problema grave de saúde quando não há tratamento adequado.
No entanto, tudo isso não acontece apenas com os humanos e há reflexos também na saúde dos animais.
A infecção tem causado muitas lesões nos indígenas e fazendo até com que alguns deles percam alguns membros.
Nos cães, a tungíase provoca muita coceira e ardência, e assim como em humanos, pode haver complicações.
Neles, o risco é de perda do coxim, parte macia na pata.
Com isso, o Grupo de Resgate de Animais em Desastres (Grad), prestou atendimento durante 9 dias nas comunidades.
“Praticamente todas as famílias têm cães e a situação dos animais é muito severa, com alguns deles mal conseguindo se levantar, apresentando quadro grave de desnutrição, tungíase e infecções nos olhos. O comitê que está administrando essa situação trabalha com prioridades. Infelizmente, a situação dos animais não foi entendida como prioridade nesse momento. Nós entendemos, afinal no Brasil nunca foi feito um trabalho dessa magnitude com os indígenas e muito menos que incluísse os animais. Porém, quando a gente cuida da saúde deles, a saúde ambiental e humana é beneficiada. Fora que é uma questão de empatia, pois a restrição alimentar que os indígenas estavam passando se reflete muito neles”, conta a médica veterinária do Grad, Carla Sássi.
Com o início do cerco do governo para impedir a exploração no território indígena, garimpeiros fugiram da região a pé, em barcos e em carros. A maior parte deles tinha cães, que acabaram sendo abandonados.
“Outra grande preocupação que a gente tem é em relação aos animais que estão ficando para trás nos garimpos. Todas as áreas de garimpo têm cães, mas com os garimpeiros saindo eles não conseguem levar esses animais. Sendo assim, eles ficam sem nenhum amparo humano e podem representar um risco para a pouca fauna que ainda resta lá”, explica a médica veterinária do Grad, Carla Sássi.
Na última segunda-feira,(01/02) o ministro da Justiça Flávio Dino detalhou a segunda fase da operação de retiradas dos garimpeiros da Terra Yanomami, com ampliação do efetivo policial.
A operação deve durar vários meses, com a participação de mais de 500 policiais federais, da Força Nacional e de militares das Forças Armadas.
Foto: Google
Fonte:Extra